Carnaval, cinema e morte: como foi a passagem de Orson Welles pelo Rio de Janeiro há 80 anos

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  • Daniel Salomão Roque
  • De São Paulo para a BBC News Brasil

Crédito, British Film Institute

Legenda da foto,

Orson Welles e Rita Hayworth (1918-1987) contracenam em A Dama de Shanghai. O filme contém diversas referências à passagem de Welles pelo Brasil

“Certa vez, na costa brasileira, eu vi o mar tingido de sangue”. A frase é dita por Michael O’Hara, marujo interpretado por Orson Welles (1915-1985) em A Dama de Shanghai, um clássico do gênero noir.

Aos trinta minutos de filme, a vida do personagem já havia se convertido em pesadelo. Num primeiro momento, O’Hara só queria aproximar-se da senhora Bannister (Rita Hayworth), a misteriosa mulher que conhecera nas imediações do Central Park. Para tanto, aceitara até mesmo um emprego no iate do marido dela.

Em alto mar, longe de Nova Iorque, a loura foi se mostrando tão disponível quanto perigosa. Agora, O’Hara está imerso até o pescoço numa trama de sexualidade reprimida, acusações mútuas e assassinatos por encomenda. Recostado nas praias de Acapulco, no México, tudo o que lhe resta é lembrar, diante da tripulação bêbada, uma longínqua passagem pela capital cearense:

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“Enquanto o sol desaparecia no horizonte, paramos em Fortaleza. Estávamos pescando, e consegui a primeira fisgada. Era um tubarão. Então veio outro, e mais outro. Todo o mar estava coberto de tubarões, e eles continuavam surgindo. Eu mal conseguia ver a água. Então, aquelas feras começaram a se devorar, umas às outras. Eu podia sentir o cheiro de morte exalado pelo oceano. Nunca tinha visto nada pior… até esse piquenique.”

Fonte Notícia: www.bbc.com

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