O que se sabe sobre operação que deixou 21 mortos no Rio
Pelo menos 21 pessoas morreram nesta terça-feira (24/5) após uma operação policial na Vila Cruzeiro, parte do Complexo da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro.
Esse número de mortos foi confirmado pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, a quem pertence o principal hospital para o qual feridos foram levados, o Hospital Estadual Getúlio Vargas.
A Polícia Militar (PMERJ), por sua vez, diz que ainda está compilando informações para divulgar o número de mortos em decorrência da ação. Já o portal G1 e o jornal O Globo contabilizaram 22 mortos até agora.
“A direção do Hospital Estadual Getúlio Vargas informa que, até o momento, 28 pessoas foram encaminhadas à unidade, na Penha, desde a manhã desta terça-feira (24.05). Desse total, 21 chegaram mortas. Outras sete pessoas feridas estão sendo atendidas. Os corpos estão sendo encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML)”, afirmou a secretaria estadual em nota.
A operação foi realizada pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar, pela Polícia Federal (PF) e pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Segundo a PMERJ, “a ação teve por objetivo localizar e prender lideranças criminosas que estão escondidas na comunidade, inclusive criminosos oriundos de outros Estados do país (Amazonas, Alagoas, Pará entre outros)”.
“As equipes do BOPE e da PRF se preparavam para a incursão quando criminosos começaram a fazer disparos de arma de fogo na parte alta da comunidade”, continua a nota da polícia.
Escolas e unidades de saúde na região ficaram fechadas durante o dia. Moradora de Vila Cruzeiro e criadora da página Vila Cruzeiro – RJ, que tem mais de 140 mil seguidores no Facebook, Cláudia Sacramento conta que a passagem de algumas linhas de ônibus foi interrompida e muitas pessoas não foram trabalhar, por precaução ou por dificuldade no transporte.
Ela relata ter escutado tiros e fogos desde 3h40 da madrugada de terça até às 18h, aproximadamente, e que confrontos ocorreram em várias partes da comunidade, principalmente perto de áreas de mata.
“As ruas estão vazias, o pessoal ainda está com medo e andando com muito cuidado. Depois de tudo isso, a gente fica apreensivo de acontecer de novo (mais confrontos)”, disse Sacramento em entrevista à BBC News Brasil por telefone, por volta de 19h30 de terça-feira.
“Dentro da favela não tem só gente armada, tem gente que trabalha, que às vezes deixa os filhos em casa para trabalhar. Aqui dentro não tem pé de drogas, não tem pé de armas, aqui é um enxuga gelo que só prejudica quem não tem nada a ver com isso”, lamenta a moradora.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e o Ministério Público Federal (MPF) anunciaram a abertura de procedimentos de investigação para apurar as circunstâncias da operação.
O MPRJ afirmou que vai investigar a “licitude de cada uma das ações letais” e pediu a apreensão de todas as armas usadas na ação para perícia.
Já o MPF anunciou que vai “apurar as condutas, eventuais violações a dispositivos legais, as participações e responsabilidades individualizadas de agentes policiais federais durante operação conjunta”.
“Em 11 de fevereiro deste ano, no mesmo lugar, houve oito vítimas fatais em operação com participação da PRF. O Brasil é signatário de tratados e acordos internacionais que nos obrigam a investigar e punir violações de direitos humanos. E 21 mortos, até agora , em menos de 3 meses, não podem ser investigados como se fossem simples saldo de operações policiais”, afirmou em nota o procurador da República e titular do Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial no Rio de Janeiro, Eduardo Benones.
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Fonte Notícia: www.bbc.com