Por que Elon Musk ameaça desistir de comprar o Twitter
Elon Musk ameaçou desistir de compra de US$ 44 bilhões do Twitter (R$ 211 bilhões) , acusando a rede social de “frustrar” os pedidos dele para saber mais sobre a base de usuários.
Em uma carta enviada aos reguladores, Musk disse que tinha o direito de fazer sua própria medição de contas de spam e fakes.
A carta formaliza uma disputa que bombou durante semanas, depois que Musk declarou o acordo “suspenso”, enquanto aguarda mais informações.
O Twitter defendeu sua posição.
Mas Musk disse acreditar que spams e contas falsas representem uma parcela muito maior do que os menos de 5% dos usuários diários que o Twitter relata ter publicamente.
“Como possível proprietário do Twitter, Musk tem claramente direito aos dados solicitados para permitir que ele se prepare para a transição dos negócios do Twitter para sua propriedade e para facilitar seu financiamento de transações. Para fazer as duas coisas, ele deve ter uma compreensão completa e precisa do núcleo do modelo de negócios do Twitter – sua base de usuários ativos”, escreveu o advogado Mike Ringler na carta.
“Com base no comportamento do Twitter até o momento e na correspondência mais recente da empresa em particular, Musk acredita que a empresa está resistindo ativamente e frustrando seus direitos de informação”, dizia a carta.
“Esta é uma clara violação material das obrigações do Twitter sob o acordo de fusão e Musk se reserva todos os direitos resultantes, incluindo seu direito de não consumar a transação e seu direito de rescindir o acordo de fusão”.
Imbróglio longo
A disputa levantou mais dúvidas sobre o futuro da aquisição, que o conselho do Twitter aprovou em abril.
O Twitter disse que Musk renunciou aos direitos típicos de diligência prévia em sua ânsia de fechar o acordo.
Mas, em maio, Musk levantou a questão das contas de spam nas redes sociais, dizendo que o acordo estava suspenso, mas que ele continuava comprometido com a compra.
Musk está sujeito a uma multa de US$ 1 bilhão (cerca de 4,8 bilhões), caso desista do acordo, assim como o Twitter.
Analistas disseram que o chefe da Tesla pode estar usando o problema para tentar renegociar o preço ou até mesmo se afastar. Eles disseram que a decisão de Musk de levantar a questão nas redes sociais não foi convencional, dificultando a leitura de quão séria era a proposta.
Quando o presidente-executivo do Twitter, Parag Agrawal, defendeu da empresa em uma série de tweets, Musk respondeu com um emoji de cocô.
Musk disse acreditar que os bots podem representar 20% ou mais dos usuários do Twitter. A carta, arquivada na Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, confirma que os dois lados debateram sobre o assunto desde o início de maio.
Ela afirma que Musk merece uma “cooperação razoável” enquanto tenta obter financiamento para o acordo.
“A última oferta do Twitter de simplesmente fornecer detalhes adicionais sobre as metodologias de teste da própria empresa, seja por meio de materiais escritos ou explicações verbais, equivale a recusar as solicitações de dados de Musk”, diz a carta.
“O esforço do Twitter para caracterizá-lo de outra forma é apenas uma tentativa de ofuscar e confundir a questão.”
Os planos de Musk para a empresa atraíram intenso escrutínio de reguladores de todo o mundo, ao mesmo tempo em que geraram algum alarme entre os investidores da empresa de carros elétricos Tesla e da empresa de foguetes SpaceX, que Musk também é dono.
Ele reuniu investidores externos para ajudar a pagar pela compra e também está usando papéis e empréstimos garantidos por suas ações da Tesla, que foram atingidas nas últimas semanas quando a turbulência do mercado tirou bilhões dos valores de empresas como a Tesla.
O declínio também fez com que a oferta de Musk de US$ 54,20 (R$ 260) por ação pelo Twitter parecesse ainda mais generosa. Na segunda-feira, as ações do Twitter estavam sendo negociadas abaixo de US$ 39 (R$ 187), uma queda de 3%. Eles ainda não voltaram às máximas que atingiram no mês passado logo após Musk revelar que havia comprado cerca de 9% das ações da empresa.
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Fonte Notícia: www.bbc.com