Entenda como funciona uma usina nuclear e os impactos de uma explosão
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O bombardeio russo que desencadeou um incêndio nas proximidades da maior usina nuclear da Europa, em Zaporizhzhia (Ucrânia), ligou o alerta para o risco de um eventual acidente nuclear nos moldes do desastre de Chernobyl, em 1986.
Apesar do temor por um novo evento catastrófico, especialistas consultados pelo Metrópoles apontam que os riscos são considerados “reduzidos”. “Mas eles existem”, ressalta o professor Ivan Marques de Toledo Camargo, do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília (UnB).
O engenheiro explica que as chances do mundo presenciar um “Chernobyl 2.0” são “cada vez mais remotas”, em decorrência do avanço da tecnologia usada pelas usinas, assim como do aprimoramento dos inúmeros protocolos de segurança adotados pelos operadores das instalações.
“Ela [Zaporizhzhia] é uma usina mais nova que a de Chernobyl, e quanto mais nova a usina, mais segura, pois, nos últimos anos, os critérios para construção de uma usina têm evoluído muito. Elas estão, portanto, cada vez mais seguras e evidentemente mais caras. São caras exatamente pelo nível exigido de segurança”, defende Camargo.
Mas como funciona uma usina nuclear?
Em síntese, uma usina nuclear é uma instalação industrial que utiliza-se da fissão nuclear para a produção de energia. É no núcleo da estrutura, o lugar mais protegido da usina, que ocorre este processo, responsável pela geração de calor para esquentar grandes quantidades de água até que virem vapor – este fará as turbinas se moverem em alta velocidade, produzindo, assim, energia elétrica.
Segundo Camargo, é justamente pela alta proteção em torno do núcleo do reator que as chances de uma eventual catástrofe são pequenas. “Evidentemente que essa operação complexa tem um risco enorme, mas que é controlado pelas diversas etapas de segurança que uma usina tem. O núcleo onde ocorre a reação é muito protegido, difícil de ser acessado”, ressalta.
“Estamos falando de espaços projetados para suportar eventos externos que vão desde um ataque até eventos naturais, como os presenciados em Fukushima, no Japão. Foi preciso um maremoto de altíssima magnitude para provocar o acidente nuclear. Sendo assim, bombardeios normais é muito provável que esta usina aguente. Repito, o risco é relativamente pequeno”, completa.
A invasão russa da Ucrânia ocorreu na madrugada de quinta-feira (24/2), horário de Brasília. Logo em seguida, as sirenes da capital Kiev começaram a tocar. O som foi o primeiro alerta de um possível ataque aéreo na regiãoReprodução

Após sucessivos bombardeios, o país tenta, junto da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), negociar um cessar-fogoGabinete do Presidente da Ucrânia

Tanques militares russos e veículos blindados avançaram em Donetsk, Ucrânia, região que teve a independência russa reconhecida nos últimos diasFoto de Stringer/Agência Anadolu via Getty Images

As autoridades de segurança ucranianas garantem que há combates em quase todo o território e que os confrontos militares são intensos. Segundo o governo ucraniano, já passam de 200 os ataques russos ao paísFoto de Wolfgang Schwan/Agência Anadolu via Getty Images

Os militares da Ucrânia afirmaram que destruíram quatro tanques russos em uma estrada perto da cidade de Kharkiv, no leste do país, e mataram 50 soldados dos inimigos na região de Luhansk Foto de Oliver Dietze/picture Alliance via Getty Images

A imprensa russa informou que membros de uma milícia em Donetsk, uma das regiões separatistas da Ucrânia, estão prontos para apoiar a invasãoPierre Crom/Getty Images

Segundo a agência de notícias Reuters, militares ucranianos afirmam ter abatido cinco aviões russos, além de um helicóptero, na região de Luhansk, um dos dois territórios separatistas da UcrâniaFoto do Ministério do Interior da Ucrânia/Divulgação/Agência Anadolu via Getty Images

Diante do ataque russo, cidadãos ucranianos deixaram as suas casas, localizadas em zonas de conflito, e recorreram aos trensOmar Marques/Getty Images

Pessoas também esperam ônibus em rodoviária na tentativa de deixar Kiev, capital da Ucrânia Pierre Crom/Getty Images

Habitantes de Kiev deixaram a cidade após ataques de mísseis pré-ofensivos das forças armadas russas e da BielorrússiaPierre Crom/Getty Images

Dois soldados russos foram levados como prisioneiros pela Ucrânia após a operação militar da RússiaGetty Images

Estrutura ficou danificada após ataque de mísseis em KievChris McGrath/Getty Images

Um foguete foi registrado dentro de um apartamento após bombardeio de tropas russas em Piatykhatky, Kharkiv, nordeste da UcrâniaFuture Publishing via Getty Images

Ao redor do mundo, várias pessoas se manifestam contra o ataque russo à Ucrânia. “Pare a guerra”, escreveu mulher em cartaz durante manifestação em frente ao Portão de Brandemburgo, na AlemanhaKay Nietfeld/picture aliança via Getty Images

A quantidade de aeronaves na base da Força Aérea dos EUA, na Alemanha, aumentou significativamente após os ataques russos à Ucrânia Boris Roessler/picture Alliance via Getty Images

No quarto dia do ataque foi possível ver fumaça subindo pelos prédios após bombardeios. Além disso, explosões e tiros foram relatados em torno da capital do paísPierre Crom/Getty Images

Residências de civis foram destruídas e, além da invasão de soldados da Rússia, cidades como Donetsk passaram a ficar sob controle de separatistas pró-russosLeon Klein/Agência Anadolu via Getty Images

No quinto dia do conflito, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, assinou o contrato de pedido de adesão à União EuropeiaPresidência Ucraniana/Agência Anadolu via Getty Images

Enquanto isso, cidades continuam sendo destruídas. Em diversas regiões é possível ver prédios em ruína e cenário apocalíptico Leon Klein/Agência Anadolu via Getty Images

No sexto dia da invasão, o prédio do governo em Kharkiv foi alvo de um míssil Serviço de Emergência do Estado da Ucrânia/Agência Anadolu via Getty Images

O gabinete do governador de Kharkiv, ficou destruído após o bombardeio Serviço de Emergência do Estado da Ucrânia/Agência Anadolu via Getty Images

No sétimo dia do conflito, e após prédios serem completamente destruídos em Kharkiv, russos afirmaram ter tomado KhersonSergei Malgavko/TASS via Getty Images

Enquanto os ataques russos continuam, civis se abrigam em estações de metrô Aytac Unal/Agência Anadolu via Getty Images
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Riscos ainda existem
Outro ponto que pesa a favor da segurança da instalação de Zaporizhzhia é a ausência de grafite no reator nuclear. Isso porque foi justamente o componente químico que provocou um incêndio responsável pela criação da nuvem de radiação que percorreu regiões da Europa.
“Está é uma usina construída na década de 1980, então deve estar entre a segunda ou terceira geração de usinas. Isso significa que você tem um projeto mais atualizado que o de Chernobyl, o que implica da extinção de muitos dos problemas já detectados em outras instalações”, defende o engenheiro Abiezer Fernandes, coordenador da pós-graduação de Eficiência Energética do UniCeub.
Fernandes teme, porém, que possíveis novos ataques possam atingir não o núcleo da usina, mas o circuito de resfriamento. “Este é o grande problema. Se você, de alguma forma, impede que o circuito cumpra sua função, você terá toda aquela energia gerada na fissão buscando sair de um ambiente que é hermeticamente fechado. Aí está o risco de uma grande explosão”, disse o docente.
A melhor alternativa, de acordo com o engenheiro, seria proceder com o desligamento de todos os reatores. “A melhor alternativa para que se evite quaisquer problemas futuros é retirar esses reatores de funcionamento. Mas há hoje uma expertise muito grande de medidas preventivas que possam ser imediatamente tomadas para que você evite a perda completa do controle do reator. O que se viu no passado foi a soma da perda operacional completa e sucessivas falhas humanas”, tranquiliza.
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