Guerra na Ucrânia: os 80 dias de cerco a Mariupol que deixaram a cidade em ruínas
- Paul Adams e Hugo Bachega*
- Da BBC News em Londres e em Dnipro
Depois de quase três meses de ataques contínuos, a cidade de Mariupol, na Ucrânia, não conseguiu mais resistir. As forças armadas ucranianas informaram que sua missão de combate no porto sitiado terminou. Mais que qualquer outra cidade da Ucrânia, Mariupol passou a simbolizar a feroz brutalidade dos ataques russos e a obstinação da resistência ucraniana.
Na quarta-feira, 23 de fevereiro, Ivan Stanislavsky deixou a bolsa da sua máquina fotográfica no escritório. Ele estava a caminho da casa de um colega para ver o layout do seu novo livro sobre os murais da era soviética de Mariupol e não queria carregar o equipamento. Ele poderia pegar a câmera no dia seguinte.
Mas, na quinta-feira, ele estava na rua diante do seu escritório trancado e deserto, enquanto ouvia os estrondos vindo do leste. A cidade estava sendo atacada.
À medida que o conflito se intensificava e os disparos começaram a ser ouvidos também do lado oeste, Ivan levou seu colchão para a sala.
Ele empilhou sua grande coleção de livros de arte – incluindo a Enciclopédia do Rock Ucraniano – contra as janelas do seu apartamento, no distrito de Primorsky.
“Digamos que não foi um desperdício de livros”, conta o fotógrafo com 36 anos de idade, que também é assessor de imprensa de um clube de futebol da primeira divisão da Ucrânia, o FC Mariupol.
No outro lado da cidade, no bairro de Kalmiusky, o empresário Yevhen também tomava suas precauções. Ele tem 47 anos de idade e disse à sua família que fizesse as malas para fugir da cidade.
Mas, quando ele voltou do escritório, as malas não estavam prontas. Sua família recusou-se a sair de Mariupol.
Em um apartamento no mesmo prédio, o casal de metalúrgicos da siderúrgica próxima, Nataliia (43 anos) e Andrii (41), já estava cortando em fatias os dois últimos pães que eles haviam conseguido comprar, para que secassem e pudessem ser comidos aos pedaços nas semanas que se seguiriam.
Volodymyr, paramédico com 52 anos de idade do distrito de Kalmiusky, no norte da cidade, também estava na cozinha, tentando absorver as notícias.
Quando chegaram as informações sobre russos marchando pela aldeia de Chongar – estrategicamente localizada na saída da Crimeia para o oeste -, ele ficou chocado. Ele percebeu que era um ataque coordenado.
A responsável pelas ambulâncias estava no telefone. Ela instruiu Volodymyr a ignorar as chamadas de rotina. “Procure os feridos”, era a instrução.
A engenheira formada Mariia, com 22 anos de idade, achou que a primeira explosão fosse apenas um trovão. Foi quando ela ouviu a segunda.
“Nós não sabíamos o que fazer”, conta Mariia que, como Stanislavsky, morava em Primorsky. “Eu não tive tempo de pensar no meu futuro, nos meus planos. Eu precisava pensar no que eu iria comer e beber… [e] no que fazer com os gatos.”
Subitamente ela entendeu por que, nos últimos dias, soldados haviam aparecido na loja de tintas onde ela trabalhava para comprar fitas adesivas azuis e amarelas. Eles precisavam delas para marcar seus uniformes.
A busca por abrigo e alimento
No quarto dia de guerra e com os combates se aproximando, Stanislavsky e sua esposa procuraram abrigo no porão do supermercado local. O porão oferecia boa proteção e ele percebeu que o som abafado reduzia sua crescente sensação de ansiedade.
A vida diária estava sendo reduzida ao mínimo essencial.
“Nós vivíamos como pessoas primitivas”, disse ele à BBC em Lviv, onde se encontra agora. “Nós quebrávamos árvores, fazíamos fogueiras e cozinhávamos nas fogueiras. Soube até de pessoas que comeram pombos.”
Ele assistiu à rotina ser gradualmente destruída à sua volta. E manteve um diário intenso, posteriormente publicado na internet.
“A Idade da Pedra chegou”, contou Stanislavsky em 6 de março. Ele descreve como viu cidadãos ucranianos, seus vizinhos, assaltarem lojas abandonadas, levando tudo, desde computadores e congeladores até trajes de banho e roupas de baixo.
Uma noite, uma mulher embriagada interrompeu uma reunião no porão. “Sirvam-se”, disse ela, enquanto a lanterna revelava uma garrafa de vinho Merlot da Califórnia, roubada da loja Wines of the World da praça Italiiska, ali próxima.
Mas, ao saber que até suprimentos médicos e caixas registradoras estavam sendo levados, Stanislavsky conta que sentiu repulsa. “Somos os nossos piores inimigos”, escreveu ele.
Ele pergunta se é assim que os mais adaptados sobrevivem. E, depois de algum tempo, cada dia tornou-se uma “missão de combate”.
‘A única coisa a fazer é esperar’
Após algumas semanas, Mariupol estava desmoronando. Os militares russos cercaram a cidade, atacando as fontes de água e energia elétrica. Um ataque aéreo russo atingiu a maternidade em 9 de março e, uma semana depois, um avião bombardeou o teatro — claramente, um abrigo de civis.
Ivan ficou chocado com a rapidez com que tudo aconteceu. “Toda a cidade, toda a infraestrutura, o sistema de abastecimento, a logística e fontes de energia foram destruídos em questão de dias”, ele conta.
Sentado à noite no abrigo subterrâneo, ele percebeu que as pessoas ficaram passivas.
“A única coisa a fazer é esperar no abrigo”, escreveu ele no seu diário. “Alguns esperam pela primavera, outros pelo amanhecer, outros pelo fim da guerra. E alguém está esperando que a bomba venha e mate a todos.”
Recuperação interrompida
Tudo isso aconteceu justamente no momento em que Mariupol parecia destinada a virar uma página. O dinheiro havia começado a entrar, agregando brilho a uma cidade antes associada principalmente à indústria pesada – e à guerra. “Era uma cidade que aspirava a alguma coisa”, relata Stanislavsky. Mas nem sempre havia sido assim.
Muito tempo antes da invasão deste ano, Mariupol teve um papel importante no conflito latente da Ucrânia contra os separatistas apoiados pela Rússia nas regiões de Donetsk e Luhansk, que compõem a área vizinha conhecida como Donbas.
Quando os combates atingiram a cidade pela primeira vez em 2014, o governo rapidamente perdeu o controle de Mariupol depois de conflitos com manifestantes pró-Rússia. Em janeiro de 2015, um ataque devastador dos rebeldes com mísseis no extremo leste da cidade matou quase 30 civis.
A guerra gradativamente diminuiu, mas ouvir o som da artilharia à distância era comum no dia a dia de Mariupol.
Até que a cidade seguiu adiante. O governo ucraniano transformou-a na capital administrativa da região de Donetsk Oblast, em substituição a Donetsk, tomada pelos rebeldes. “Ela começou a receber todos os recursos e toda a atenção”, relembra Stanislavsky.
Os edifícios públicos foram restaurados, cafés abriram e novos parques foram criados. Em um podcast em outubro de 2021, o prefeito da cidade, Vadym Boychenko, orgulhava-se de ter criado o melhor serviço municipal do país, com a abertura de uma faculdade de TI e a promoção de arte contemporânea e da prática de esportes.
Havia planos em andamento, segundo ele, para o maior parque aquático da Ucrânia e uma versão da Disneylândia “que provavelmente será chamada de Marilândia”. De fato, Mariupol foi declarada “Grande Capital da Cultura” da Ucrânia em 2021.
Mas, enquanto Mariupol florescia, Donetsk, mantida pelos rebeldes, degradava-se. Quando os rebeldes voltaram para Mariupol, Volodymyr – o paramédico – acreditava que eles se vingariam destruindo a cidade.
Quando finalmente saiu da cidade, ele conta ter ouvido dos rebeldes em um posto de controle que “se nós vivemos mal, vocês também irão viver mal”. “Eles apenas olharam para nós e invejaram nosso padrão de vida”, segundo Volodymyr.
Yevhen, o empresário, descreve a vida em Mariupol nos últimos cinco anos como “um conto de fadas”. “A cidade estava sendo reconstruída”, segundo ele. “Todas as ruas foram recuperadas e o transporte público melhorou.”
Sua empresa de restauração de edifícios foi responsável, entre outros projetos, pela reconstrução da famosa torre de água de Mariupol a tempo para o 240° aniversário da cidade.
“Esta é uma cidade de gente trabalhadora… foi difícil para mim explicar por que meus funcionários precisavam parar às 18 horas – eles queriam trabalhar até mais tarde”, relata ele.
Como muitos outros, Yevhen passava seus fins de semana com a família nos parques restaurados da cidade junto ao mar. “Para mim, esta é uma questão [fundamental]: se você quer capturar a cidade, por que destruí-la? [Os russos] não precisam de pessoas que pensem, eles precisam de território”, afirma ele.
E acrescenta que agora está recebendo ligações dos russos para retornar para Mariupol e ajudar a reconstruí-la. “Mas, se Mariupol for ocupada pela Rússia, não haverá futuro ali… não haverá razão para viver. Morar em um território não reconhecido é enterrar o futuro dos seus filhos.”
Cerca de 150 mil pessoas permanecem na cidade, de uma população de quase meio milhão. A maioria das pessoas que ficaram, segundo ele, também está tentando escapar.
“Saí de Mariupol, mas minha alma ficou lá”, ele conta, com lágrimas nos olhos.
Nataliia e seu marido Andrii trabalhavam na siderúrgica de Illich, uma das duas usinas de ferro e aço que se sobressaem no panorama da cidade e nas fotografias de Ivan Stanilavsky. Seus dias de trabalho eram longos e o tempo livre era precioso.
“As autoridades municipais colocaram piso de mármore e construíram embarcadouros [para] podermos nos sentar nos bancos à beira-mar”, afirma Andrii. “Era uma cidade acolhedora e maravilhosa, com parques, salas de concerto e fontes”, conta Nataliia. “Uma cidade europeia.”
A herança cultural soviética
O recente desenvolvimento de Mariupol foi registrado pelo fotógrafo Ivan Stanislavsky, mas sua paixão é pelo passado da cidade. Por isso, seu projeto preferido foi documentar a impressionante coleção de murais soviéticos da cidade, uma das maiores da Ucrânia.
A importância cultural da preservação desses trabalhos notáveis parece inegável, mas, em Mariupol, a nostalgia pela União Soviética sobrevive com dificuldades junto à identidade cada vez mais europeia da Ucrânia moderna, segundo ele.
“A política já estava evitando a integração dessa herança cultural ao contexto artístico ucraniano”, afirma Stanislavsky.
Por isso, quando a guerra começou, a cultura também foi inevitavelmente combatida.
Em 28 de abril, o conselho municipal de Mariupol denunciou o suposto roubo pela Rússia de mais de 2 mil obras dos museus da cidade, incluindo símbolos antigos, um rolo da Torá escrito à mão e mais de 200 medalhas.
A diretora do Museu de História Local de Mariupol, Natalia Kapustnikova, disse posteriormente ao jornal russo Izvestia que havia entregado pessoalmente aos russos quadros dos pintores Ivan Aivazovsky e Arkhip Kuindzhi e afirmou que “nacionalistas” ucranianos haviam queimado 95% das obras do museu.
Ela não foi a única funcionária pública a defender sentimentos pró-russos na cidade. Em 9 de abril, o procurador-geral da Ucrânia acusou de traição um membro do conselho municipal de Mariupol, Kostyantyn Ivashchenko, por ter sido declarado prefeito pelos separatistas pró-Rússia de Donetsk.
O partido pró-Rússia de Ivashchenko havia recebido boa votação nas últimas eleições na cidade, terminando em segundo lugar. Já o partido do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, foi apenas o quinto mais votado.
Em uma pesquisa realizada pouco antes das eleições pelo Centro de Indicadores Sociais, com sede na capital ucraniana, Kiev, quase a metade da população da cidade identificou-se como “russa”, embora 80% também se descrevesse como “ucraniana”. E talvez o mais revelador foi que menos de 20% identificaram-se como “europeus”, enquanto mais de 50% responderam que são “soviéticos”.
O pai de Nataliia é russo e ela conta que pediu desculpas ao marido quando o bombardeio começou: “fiquei com vergonha de ser russa.”
Mariia, a engenheira, afirma que, antes da guerra, seu primeiro idioma era o russo, mas, quando os bombardeios começaram, “comecei a odiar tudo o que é russo – o idioma, os filmes, os objetos”.
Velhos bunkers servem de abrigo
A complexa identidade de Mariupol está longe de ser um caso isolado na Ucrânia de hoje, um país que era integrante da União Soviética até o colapso do comunismo no final dos anos 1980. E é improvável que as pessoas que se descreveram como “russas” ou “soviéticas” quisessem ver sua cidade destruída em um esforço violento para trazê-la de volta para a órbita de Moscou.
Ironicamente, no momento de defender a cidade contra os invasores russos, outra parte do legado da era soviética de Mariupol veio desempenhar um papel quase emblemático. Trata-se do labirinto de bunkers profundamente enterrado no subsolo, abaixo da outra siderúrgica de Mariupol, Azovstal, construída pelas autoridades soviéticas durante a Guerra Fria.
Os 36 abrigos contra bombas forneceram espaço para mais de 12 mil pessoas. Depois da independência da Ucrânia em 1991, ninguém se preocupou muito com eles, até que começaram os conflitos em 2014.
“Começamos a pensar no que faríamos se os combates se espalhassem para dentro da cidade”, segundo Enver Tskitishvili, diretor-geral da Azovstal. Seguiu-se então o treinamento diário do uso dos bunkers e dos seus túneis de conexão, que durou anos.
No início de fevereiro, à medida que o temor de um novo conflito aumentava, as preparações ganharam novo impulso. Alimentos e água foram trazidos na semana anterior à invasão russa.
Os funcionários da fábrica sabiam que os abrigos antibombas logo estariam ocupados, mas havia pouca ideia de que Azovstal, rodeada pela água por três lados, seria o cenário da resistência final de Mariupol.
O regimento Azov
Os dias se passavam e a guerra chegava cada vez mais perto do apartamento de Ivan Stanislavsky.
As excursões em busca de alimento – mesmo até o supermercado próximo, chamado Dzerkalnyy, a apenas 400 metros de distância – ficavam cada vez mais perigosas. Às vezes, uma equipe de morteiros chegava de caminhão, dava alguns disparos e saía antes da inevitável reação russa.
Havia pouca comunicação entre os civis e os soldados.
Certo dia, um tanque do regimento Azov chegou perto do supermercado e mandou as pessoas correrem, temendo uma batalha iminente. Esse regimento surgiu em 2014 como uma milícia de voluntários altamente eficiente, com membros da extrema-direita e, em alguns casos, neonazistas, antes de ser integrado à Guarda Nacional ucraniana.
O presidente russo, Vladimir Putin, vem fazendo extenso uso das origens controversas do regimento Azov, em um esforço para reforçar seu argumento de que está tentando “desnazificar” a Ucrânia. As autoridades ucranianas afirmam que as origens do regimento são coisa do passado e indica que o desempenho eleitoral dos partidos da extrema-direita tem sido muito fraco.
Stanislavsky descreve no seu diário os membros seus conhecidos como um conjunto variado de moradores de Mariupol – ciclistas, advogados, hooligans de futebol e um ator amador – levados não pela ideologia, mas por um ódio feroz daqueles que estavam tentando arruinar as suas vidas.
“Juntos, eles formaram um batalhão ‘nazista’ e intimidaram todo o exército russo”, escreve ele. Intimidadores e eficazes, embora não o suficiente, para deter a onda vinda da Rússia.
‘Cidade heroica’
Enquanto os defensores da cidade travavam sua batalha perdida, Stanislavsky ouvia vozes no porão que começavam a amaldiçoar o presidente Zelensky por ter deixado Mariupol entregue à própria sorte.
Com todos os elogios dedicados aos defensores da cidade, ficou claro desde o início que Mariupol não era a principal prioridade do governo. Enfrentando ameaças russas em diversos fronts, o governo de Zelensky decidiu defender a capital, frustrando o que provavelmente era o principal objetivo de Vladimir Putinn.
Isso acabou por permitir que as forças russas atingissem outro dos seus objetivos anteriores à guerra: o estabelecimento de um corredor terrestre entre a Crimeia, anexada por Moscou em 2014, e os separatistas da região de Donbas. E, para as pessoas que ficaram presas em Mariupol, lutando ou apenas tentando sobreviver, o remédio foi amargo.
“Algumas pessoas dizem que Mariupol recebeu o status de cidade heroica”, escreveu Stanislavsky no seu diário em 13 de março. “Parece que será um prêmio póstumo.”
A fuga
Ivan Stanislavsky já não podia permanecer mais. No lado de fora do supermercado Dzerkalnyy, ele via cadáveres ordenadamente empilhados sob uma parede. Pessoas que antes formavam fila para comprar alimentos agora estavam na “fila dos mortos”, esperando para serem enterradas.
Por isso, em 15 de março, Stanislavsky reuniu quatro familiares e o gato no seu carro Skoda Fabia, que por milagre estava incólume, e uniu-se a um comboio para a tortuosa viagem para noroeste até a cidade de Zaporizhzhia, mantida sob o poder do governo ucraniano.
Em um ponto de observação na rua Markelova, olhando para o porto e a praia de Mariupol, Stanislavsky permitiu-se um breve momento de reflexão. “Na minha cabeça, estou me despedindo deste lugar”, escreveu ele no diário. “Tenho a sensação de que nunca voltarei aqui.”
Um dia depois, Mariia e cinco parentes também saíram da cidade de carro, levando apenas pertences pessoais e o cão da família. Enquanto eles saíam de Mariupol, seu comboio sofreu um ataque e os carros precisaram acelerar para fugir do perigo, dirigindo-se primeiro para Zaporizhzhia e dali para a cidade de Dnipro.
No dia seguinte, foi a vez de Nataliia e Andreii partirem, depois que um vizinho ofereceu a eles um espaço no seu carro. O casal acabou por chegar à cidade de Khmelnytskyi, no oeste do país, onde vendeu a coleção de moedas da família para sobreviver.
No mesmo comboio, Yevhen viajou com sua esposa e dois parentes. Ele agora está em Dnipro, ajudando outros moradores que fugiram de Mariupol e tentando encontrar os remanescentes.
Já Volodymyr, o paramédico, ficou em Mariupol o máximo que pôde, para cuidar da sua mãe idosa. Mas, sem alimento e remédios especiais, ela acabou morrendo. Em 21 de abril, ele deixou a cidade e agora é voluntário em um hospital em Dnipro.
“Existem milhares e milhares de famílias como a minha”, ele conta. “Quantas pessoas morreram? Quantas famílias foram perdidas?”
Dois meses depois de fugir, Stanislavsky ainda assiste à agonia da morte de Mariupol na relativa segurança de Lviv. Na comovente conclusão do seu diário, ele escreve sobre flashbacks, mensagens de texto sobre mortes ou fugas bem sucedidas e chamadas telefônicas não atendidas.
“O assinante está fora de área”, segundo ele.
* Com reportagem adicional de Kateryna Khinkulova e Illia Tolstov.
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Fonte Notícia: www.bbc.com